Apoio e comunicação chegaram às populações mais vulneráveis
Diante do avanço da pandemia, da necessidade do distanciamento físico, uso de máscaras e medidas de higiene como fundamentais à prevenção da contaminação, muitas universidades produziram diversos tipos de materiais para campanhas de prevenção e enfrentamento à Covid-19, atuando exaustivamente na divulgação de notícias fundamentadas em pesquisas, com centenas de atividades online, incluindo palestras e debates, encontros acadêmicos, apresentações culturais e mesmo exercícios em casa.
A tarefa foi árdua, não apenas devido à proliferação de fake news (e fake science) nas redes sociais, mas também devido à inoperância, descoordenação e negação da evidência científica por parte do próprio Governo Federal. Coube às universidades, juntamente com estados e municípios, com apoio da mídia, movimentos sociais e comunidades, levar a informação correta às populações.
Destacamos neste estudo de caso algumas iniciativas de produção de materiais e campanhas voltadas a públicos específicos em situação de maior vulnerabilidade na exposição e risco de morte diante do vírus, como idosos, pessoas com deficiência, indígenas, quilombolas, ribeirinhos e populações em situação de pobreza, nas periferias urbanas e no campo.
Ou seja, as universidades cumpriram um destacado papel na produção de materiais dirigidos para quem mais precisava receber informações claras e confiáveis, em formatos especialmente produzidos para elas, incluindo as diversas línguas indígenas faladas no Brasil.
Importante mencionar que os conteúdos não foram iniciativas isoladas, mas articuladas às redes de acompanhamento, cuidado e prevenção em relação à Covid-19. Isso significa que as universidades foram mais um instrumento no apoio, atenção e garantia de direitos dos segmentos da população brasileira com maiores riscos e que estavam desamparados da política do Governo Federal.
Alguns exemplos mostram a diversidade e importância dessas ações de comunicação e cuidado. A Federal de São Carlos (UFSCar) produziu vídeos informativos sobre a Covid-19 na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). A de São João del-Rei elaborou material informativo impresso e online para cuidadores de idosos em seu projeto de extensão "Envelhecer e Cuidar".
A Universidadede Brasília (UnB) realizou lives pelo projeto "Universidade do Envelhecer" para a comunidade idosa, vídeos em libras e materiais informativos de prevenção nas línguas maternas dos povos indígenas Awa Guajá e Kokama. A Federal de Viçosa (UFV) realizou cartilhas e podcasts direcionados a idosos. A do Espírito Santo (UFES) desenvolveu projeto com crianças e adolescentes quilombolas e indígenas, na produção de cartas que chegaram às prefeituras e governos, criando uma rede de diálogo e colaboração.
Já a Federal de Minas (UFMG) apoiou a população idosa com atividades online do programa “Envelhecimento Ativo” e atuou com comunidades tradicionais organizando campanhas e fazendo circular, por meio do depoimento de mestres e mestras de comunidades indígenas, quilombolas e dos terreiros de axé, as soluções concretas – materiais e espirituais – que eles criaram nos territórios onde vivem. A Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) também produziu cartilhas para idosos e comunidades tradicionais quilombolas.
A Federal de Ouro Preto (UFOP), por sua vez, atuou na divulgação de informações sobre Covid, alimentação e nutrição para desaldeados indígenas Pataxó, Hã-hã-hãe e Xakriabá em São João das Missões. A Federal do Pará (UFPA), na Amazônia, atuou no apoio a diversos povos indígenas e ribeirinhos, tendo produzido uma série de cartilhas com orientações e cuidados para a prevenção da doença, e também material em libras. A Federal de Grande Dourados (UFGD) apoiou as populações indígenas do Mato Grosso do Sul com material em Guarani e Kaiowá.
Descendo para aregião Sul, a Federal do Pampa, no Rio Grande do Sul (Unipampa), produziu material alternativo e aumentativo (SAAC) para comunicação e prevenção com pessoas com deficiência. Já a Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) atuou comestratégias de comunicação popular nas periferias de Curitiba, em diálogo com comunidades vulneráveis, que sofrem com moradia precária, falta de saneamento e baixa escolaridade.
A mobilização das universidades, com grande permeabilidade territorial nas regiões em que se encontram, chegando às mais diversas comunidades, produziu uma extensa rede de acolhimento, cuidado e diálogo. A recente expansão do sistema federal de ensino superior, entre 2005 e 2015, com mais de 150 novos campus construídos nesse período em regiões que antes não contavam com universidades públicas, mostrou-se decisiva na ampliação da abrangência dos projetos e redes de comunicação e solidariedade.
Todas essas iniciativas, e listamos apenas algumas, evidenciam como o sistema universitário federal brasileiro atuou incansavelmente em defesa da vida, sem descuidar daqueles em situação de maior vulnerabilidade. As redes de solidariedade e comunicação puderam ser rapidamente ativadas graças a projetos de extensão e pesquisa que as universidades já mantinham com estas comunidades. Ou seja, a relação de confiança e parceria já estava estabelecida previamente e permitiu que ainformação segura e o amparo chegassem a quem mais precisava.
As universidades federais realizaram muitas outras ações de comunicação de massa, para a população em geral, contando coma poio da mídia. Mas foram essas ações mais locais, construídas comunidade a comunidade, em cada território, que demonstram em especial a relevância pública e social da presença das universidades federais nas diversas regiões do país.
Universidades federais realizam ações sociais e de comunicação durante pandemia - Sou Ciência